A partir do projeto é que são cultivadas as principais pimentas comercializadas na capital, como canaimé, malagueta, olho de peixe e murupi (Fotos: Welika Matos) |
Fotos: Welika Matos
O mês de junho de 2022 se iniciou com a colheita de algo que é uma das marcas da cultura roraimense: a pimenta. Isso, através do projeto Tay Tay, principal empreendimento da comunidade indígena Aurora do Campo, zona rural de Boa Vista. De lá é que surgem as principais pimentas para comercialização nas feiras da capital, como: Canaimé, Malagueta, Olho de Peixe e Murupi.
O nome Tay Tay significa “curupira”, na língua macuxi e faz alusão ao personagem folclórico que, segundo as lendas indígenas, é o guardião da floresta e aprecia pimenta, chegando a plantar várias delas pelas matas.
Inspirado nisso, o projeto se iniciou na comunidade Vista Alegre em 2018. Somente no primeiro Lote da Vicinal 1, foram plantadas 400 mudas dos quatro tipos de pimenta. O processo para transformar em pimenta moída (a famosa “jiquitaia”), consiste no trabalho manual de todos os envolvidos no projeto.
Há 35 anos, a produtora rural Anete Souza trabalha na agricultura familiar. Essa é a primeira vez que faz parte de uma cooperativa. Em seu lote, ela aprendeu a plantar e a cultivar a pimenta, o que se tornou uma das suas principais fontes de renda para ela e outras famílias indígenas envolvidas.
“Fico feliz em poder aprender sobre a pimenta e ainda ter essa renda. Pela Comunidade Aurora do Campo, são dez famílias que estão envolvidas nessa plantação. A gente colhe e leva tudo para passar pelo processo até chegar na ‘jiquitaia’”, explicou a agricultora.
Anete Souza: "Fazer parte desse projeto é a realização de um sonho" |
O produtor Antônio Macedo recebe as pimentas colhidas e inicia o processo de separação das quatro variedades, além de lavagem, desidratação, até a parte de moer e embalar. Em sua propriedade foram plantados 4 mil mudas de pimentas. Ele também faz todo o processo do plantio em copos para criação de folhagem e raiz ainda dentro da estufa, e posteriormente plantadas no solo para cultivo.
“Aqui no meu lote são 6 famílias me ajudando. Eu faço tudo para as pimenteiras crescerem saudáveis. A estufa ainda é improvisada, até a parte de desidratação. Mas, com as vendas dessas pimentas, vamos começar a organizar melhor tudo. E pretendemos ter uma estufa maior e conseguir produzir ainda mais pimentas após o ciclo de 4 meses, quando é período de colher” disse, o agricultor.
"Cuidar da produção de pimenta é a minha rotina", disse Antônio Macedo |
O Projeto Tay Tay recebe insumos fornecidos pela prefeitura, através da Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Indígenas (SMAAI), como sementes, fertilizantes, equipamentos para irrigação, máquinas, assistência técnica, criação da identidade visual em rótulos e embalagens além da comercialização do produto.
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