Desde 2017, quando se iniciou a crise migratória em Roraima, o sistema de saúde de Boa Vista vem sendo impactado com a alta procura por atendimentos. O Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), única unidade de saúde especializada em atendimento infantil de todo o Estado foi o mais sobrecarregado.
Além de garantir atendimento de qualidade a demanda da capital, a unidade de saúde vem recebendo crianças Yanomami e de outras diversas etnias. A unidade hospitalar dispõe de 187 leitos de internação, 15 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cinco no Trauma. Todos já estão ocupados. Muitos destes pacientes chegam à unidade em situação grave ou são encaminhados de hospitais particulares.
Na última quarta-feira, 8, por exemplo, o hospital registrou 77 crianças indígenas internadas, sendo que 65 delas são Yanomami. Esta foi, até o momento, a maior alta de internação de crianças dessa etnia, desde o início da vigência do decreto de emergência do Governo Federal. Lembrando que desde janeiro o hospital já atendeu, aproximadamente, 300 crianças da etnia.
Já o número de pacientes imigrantes venezuelanos internados na unidade hospitalar é de 40 crianças. Para solucionar o problema, o prefeito Arthur Henrique está em Brasília esta semana, onde busca recursos junto ao Ministério da Saúde a fim de aumentar o número de leitos, contratar profissionais de saúde e garantir um atendimento de qualidade a todos os pacientes.
“Desde a primeira vinda do presidente Lula a Roraima esse ano, temos articulado junto ao Governo Federal formas de solucionar essa crise que estamos vivendo em nossa saúde, em especial o Hospital da Criança. É preciso lembrar que este é o único hospital de referência em saúde infantil e é natural que a demanda seja alta, pois recebemos pacientes não apenas de todo o Estado, como também de nossos dois países vizinhos e até do Amazonas”, explicou o prefeito.
Nesta quarta-feira, 15, o Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) entrou em obras de ampliação do Trauma, que até então, funcionava com cinco leitos. Duas enfermarias foram anexadas ao setor e agora vai contar com 10 leitos em pleno funcionamento.
Demanda crescente
Para compreender melhor a dimensão do problema, em 2017, eram cerca de 100 atendimentos a imigrantes, enquanto em 2022, o número de atendimentos ultrapassou os 130 mil. De 2020 a 2022, o ambulatório do hospital registrou um acréscimo de 234% de atendimentos a venezuelanos.
Em 2021, na unidade, 41.319 vagas foram ofertadas para consultas com especialista. Dessas, 34.259 foram preenchidas. No ano seguinte, o HCSA aumentou a oferta para 53.302 e os registros apontam 43.448 atendimentos.
O aumento da demanda também se reflete nas unidades básicas de saúde. Para se ter uma dimensão da sobrecarga, só nos primeiros dois meses deste ano, as UBSs fizeram 119 mil atendimentos, entre consultas e procedimentos ambulatoriais aos imigrantes. E a previsão é que os números aumentem nas próximas semanas.
Além das UBS e HCSA, as unidades especializadas têm sido beneficiadas com o trabalho de aumento das ofertas de serviços. Em 2021, a Secretaria de Saúde disponibilizou 20.094 vagas para consultas no CPCOM, no ano passado, o número subiu para 21.275. O Centro de Atenção Psicossocial II, em 2022, ofereceu 4.681 vagas à população e 15.621 no Centro de Recuperação Nutricional.
- Via Prefeitura de Boa Vista