Um terço (31,6%) da população mais jovem, de 18 a 24 anos, é ansiosa, sendo a maioria composta por mulheres - Foto: FreePik
O Brasil é líder no mundo em prevalência de transtornos de ansiedade, de acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2017. Novos dados divulgados no final de julho apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade. Um terço (31,6%) da população mais jovem, de 18 a 24 anos, é ansiosa - os maiores índices de ansiedade, líder dentre todas as faixas etárias no Brasil. As prevalências são maiores no Centro-Oeste (32,2%) e entre as mulheres (34,2%).
Neste domingo, 27 de agosto, é o Dia do Psicólogo, um dos profissionais que ajudam pacientes com este sintoma. A psicóloga Aparecida Tavares, que atende no centro clínico do Órion Complex, verifica em seu dia a dia a veracidade da pesquisa acima. “A crise de ansiedade pode afetar diferentes indivíduos, em diferentes faixas etárias, sendo mais propensos os jovens e as mulheres devido às alterações hormonais”, revela ela, falando ainda sobre a busca por tratamento. “As pessoas chegam em sua maioria quando os sinais e sintomas estão bem evidentes, pois já afetaram o indivíduo no seu desempenho e relações interpessoais”.
A especialista explica que a ansiedade é inerente à existência humana. “Ela vem como resposta emocional a preparar o indivíduo para a luta, a fuga ou adaptabilidade. Pode ser vista no nosso desempenho no cotidiano, nos impulsionando na tomada de decisões, na busca pela preservação da vida, principalmente nas situações aversivas e ameaçadoras, bem como nas situações agradáveis como uma viagem, uma celebração, uma espera, um preparativo para algo importante”.
Estar ansioso é diferente de ser ansioso
Contudo, Aparecida Tavares destaca que essa é a sensação de ansiedade, comum a todas as pessoas, mas algumas a possuem como transtorno. “Na ansiedade patológica estas sensações tendem a cronificar estes sinais e sintomas mesmo na inexistência de perigo iminente. Nela podemos ver o desencadeamento de transtorno mental, profundo sofrimento psíquico, gerador de mudanças comportamentais, afetando o indivíduo no desempenho de seus papéis gerados pelo medo excessivo, pelo desconforto físico e psicológico, levando-o ao isolamento e tornando-se pano de fundo para surgimento de outros transtornos”, afirma.
Para ela, na sociedade atual existem muitos fatores que influenciam gerar ansiedade. “As mudanças sociopolíticas e econômicas, não deveriam, mas acabam sendo grandes geradoras de instabilidade e medo do futuro, para aqueles que mantêm padrões ansiosos como resposta a estes estímulos. O acesso à informação nem sempre filtrada e as fake news, que desinformam e desorientam a população, são um outro grande fator. Vivemos a ansiedade patológica como reflexo da patologia social que por muitos anos assola nosso país”, salienta.
Apesar de tudo isso, a especialista ressalta que tem sido crescente a busca por tratamento especializado, principalmente psicoterapias e terapias integrativas e que a psicologia tem sido um braço forte para tratar a ansiedade. “Primeiramente procure ajuda de um psicólogo que trabalhe com abordagem cognitivo comportamental, pois atuará com reestruturação cognitiva, treino respiratório, técnicas de relaxamento, bem como a adoção de hábitos saudáveis, mudanças de estilo de vida, higiene do sono, atividade física. Não se automedique, faça uso de medicamento apenas com prescrição médica e não abandone o tratamento ao sinal de melhora, é importante que a alta venha pelos profissionais em um consenso de que a ansiedade patológica já não é mais presente”, afirma Aparecida Tavares.
- Via Comunicação Sem Fronteiras